Na segunda-feira (16), subi ao palco do TEDxSãoPaulo e eu não estava sozinha. Levei comigo minha urna amarela, a mesma que tem me acompanhado em tantas viagens, minha companheira no experimento social “O que você faria agora?”.
Adotei a urna, para garantir o anonimato (e, idealmente, a sinceridade) das respostas de quase 300 pessoas, com quem conversei em 15 cidades. A cada uma, fiz a mesma pergunta: “Se pudesse fazer qualquer coisa, o que você faria agora?”.
O projeto nasceu de uma inquietação, quando percebi que eu e tanta gente que conheço cultivamos o hábito de adiar nossa vida. Abrir mão do agora em prol de qualquer coisa prometida no futuro parecia ser um tendência entre meus amigos, a ponto de às vezes nem sabermos qual é a nossa vontade no presente. Vivemos como quem tem todo o tempo do mundo, mas o que há realmente, além do presente?
Os desejos depositados na urna são, em geral, bem simples. Numa metrópole ou numa cidade pequena, o que a maioria das pessoas revelou desejar é quase sempre semelhante. As respostas mais frequentes se relacionam com o desejo de viajar, amar, comer, encontrar parentes e outras pessoas queridas. Gosto de fazer essa pergunta e lembrar as pessoas de suas próprias vontades (o fato de elas escreverem isso é algo particularmente poderoso).
Talvez nós não sejamos tão diferentes uns dos outros como pensamos. E, se temos desejos simples, torço para que nos dediquemos a realizá-los, enquanto é tempo. Se não agora, quando?
Cidades visitadas: Ouro Preto (MG), Rio de Janeiro (RJ), Paraty (RJ), São Paulo (SP) São Luís (MA), Salvador (BA), Feira de Santana (BA), Cuiabá (MT), Curitiba (PR), Punta Del Diablo (Uruguay), Los Angeles (EUA), Tel Aviv (Israel), Belém (Cisjordânia), Lisboa (Portugal) e Marrakech (Marrocos).