breves prosas poéticas

24 de junho

19/12/2019

Eu nasci na Maternidade Otaviano Neves, em Belo Horizonte. Renasci numa sala vazia, num prédio do Bairro Sumaré, em São Paulo. Entre uma coisa e outra, renasci em Lev Hamfratz, uma estação de trem. Nasci sob o signo de touro. Morri sob o signo de câncer. Era um dia 24 de junho. Num feriado no setembro seguinte, mesmo morta, fui aos Lençóis Maranhenses, onde nada foi feito para durar. Montes de areia se desfaziam com o vento e lagoas feitas de água da chuva evaporavam sem parar, para virar novos montes de areia e novas lagoas noutro lugar. No interior do Maranhão, tudo o que terminou, de um jeito ou de outro, ainda existia. Depois disso, revivi pela última vez, na estrada entre Barreirinhas e São Luís. E foi bem assim que eu parei de morrer.

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Sabrina Abreu